New Pokémon Snap é uma experiência acolhedora e aconchegante (se você ama Pokémon, claro)

Anne Camilla Voss
7 min readNov 13, 2023

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New Pokémon Snap foi lançado no final de abril para o Nintendo Switch, sendo uma sequência para o original “Pokémon Snap” de Nintendo 64, lançado em 1999. Muitos fãs possuem uma nostalgia absurda com esse spin-off, e isso é totalmente compreensível, considerando que ele foi lançado no auge da “Pokémania“, os anos nos quais Pokémon surgiu e se manteve no auge como uma verdadeira febre (é brega falar essas coisas, mas é a melhor forma de definir o impacto, a influência e a fama que Pokémon estabeleceu nessa época, de forma mundial). Em 1999, eu tinha 5 anos e nem sabia o que era um videogame, muito menos podia sequer desejar ter um. Conheci Pokémon quando tinha cerca de 8 anos, e me apaixonei de verdade aos 13, então todos os lançamentos e acontecimentos antes de Platinum não foram vividos por mim, apenas presenciados de forma leve algumas vezes.

Assim sendo, eu nem poderia ter nostalgia com Pokémon Snap, visto que não vivi a experiência na época nem nunca encostei num 64 para começo de conversa. Quando a revelação do New Pokémon Snap surgiu, eu estava bem curiosa pelo título, mas estava resignada a esperar uma promoção para poder adquiri-lo fisicamente (já que tentamos comprar todos os jogos de Pokémon em versão física para a nossa coleção). Esse plano, porém, foi frustrado pelas inúmeras reviews, previews e vídeos de curiosidades sobre o jogo que infestaram a internet na semana de seu lançamento… Todos que jogavam encheram a timeline do Twitter de fotos engraçadas, interações fofas entre os monstrinhos, ecossistemas interessantes e memes. Eu me vi mesmerizada pelo aprofundamento da Bandai Namco ao construir regiões, interações e animações tão singulares para os bichinhos, e me pareceu algo tão aconchegante e cheio de carinho que não suportei esperar.

Quem imaginou ver o Applin fora da sua maçã um dia? Isso é uma mistura de meme com descoberta histórica!!

Mesmo sem o elemento nostalgia, o elemento “amor infindável e obsessivo por Pokémon” me arremeteu de uma forma que eu quase chorei de vontade de jogar o joguinho. Eu queria tirar fotos fofinhas e engraçadas desses bichinhos que eu amo tanto. Queria mais do que qualquer outra coisa!
Duas semanas depois, entramos num acordo por aqui e decidimos comprar o jogo, fazendo uma caça de preços até encontrar o menos salgado possível. Depois de mais uma semana, ele estava em nossas mãos, e eu acabei mergulhando na experiência primeiro. Sabe a tal frase brega do jornalismo especializado “tal coisa é uma carta de amor aos fãs”? Eu odeio admitir, mas ela até que se encaixa com certa perfeição nessa situação.

A criação de avatar do jogador é simples, não há opções de customização e a história é bem direto ao ponto: vamos ajudar um tal professor Mirror a catalogar a vida selvagem dos Pokémon na região de Lental, através de uma máquina de transporte chamada NEO-ONE que nos leva por um caminho guiado no meio dos mato para tirarmos fotos dos bichinhos, o famigerado “on the rails“. Eu não minto que ficaria feliz se o jogo nos permitisse, em alguns pontos específicos, que descêssemos do NEO-ONE e ficássemos livres para explorar algumas partes a pé, mas também entendo a facilidade que esse sistema fornece para a gameplay e para questões de lógica (é melhor você ficar protegido dentro de um carro no safari ao tirar fotos de leões e elefantes selvagens do que andar por aí a pé e arriscar ser comido/pisoteado/morto, né?). O NEO-ONE não atrapalha de forma alguma na gameplay, então não tive problemas com o sistema, achando na verdade bem confortável simplesmente focar em mover minha câmera, procurar os monstrinhos (que às vezes PASSAM CORRENDO E NEM DÁ TEMPO DE TIRAR A FOTO), dar zoom, jogar frutinhas, tocar musiquinha e usar o scan e as Ilumina Balls. Se eu ainda tivesse que me preocupar com andar, seria IMPOSSÍVEL gerenciar a câmera super tecnológica cheia de bugigangas que o professor nos dá para tirar as fotos. PORÉM, apesar disso, o jogo nos “deixa livres” à partir de um certo momento para tirar fotos sem o apoio do NEO-ONE em um local específico. Mesmo assim, não podemos controlar a forma que nos movimentamos, ou seja… Ainda estamos on the rails, só que sem o NEO-ONE. Pelo menos faz a gente se sentir mais próximo dos monstrinhos, sem ter aquela tela de proteção do NEO-ONE na frente.

O jogo tem CGs dubladas em vários idiomas!

Com a chegada de outros personagens, como Rita, Todd (o protagonista do primeiro Pokémon Snap! Sentimentos nostálgicos devem ter aflorado loucamente com isso) e Phil (que se considera nosso rival simplesmente porque ele é discípulo do Todd e tem ciúme do sensei), temos o time inteiro montado para conversar loucamente sobre habitats de Pokémon, uso de Illumina Orbs e um tal de Captain Vince, que teria passado por aquela região 100 anos atrás e feito estudos e registros sobre os Pokémon que viviam ali no meio selvagem. Isso acaba expandindo o aspecto histórico do jogo, que ganha mais “lore” do que esperávamos e parece dizer “sim, esse jogo tem uma história própria, e você achando que era só tirar fotinho fofa de Pokémon, né?”. No fim das contas, a história própria do jogo é maior do que você pode imaginar, incluindo eventos místicos de milhares de anos atrás, vários Illumina Pokémon e uma corrente de acontecimentos que nos leva a desbravar as novas áreas conforme essas são liberadas enquanto investigamos os tais eventos místicos antigos. O final do jogo é simples, mas emocionante para aqueles que realmente amam esses monstrinhos do fundo do coração.

Independente de haver uma história “de verdade” ou não por trás do jogo, é óbvio que as fotinhos de Pokémon é que são o foco aqui. A região de Lental é dividida em vários ecossistemas, como parques naturais, praias, vulcões e áreas geladas, e cada uma delas é habitada por Pokémon selvagem. Dentro do NEO-ONE, temos à nossa disposição uma variedade de ferramentas para interagir com os monstrinhos, na intenção de chamar sua atenção e tirar fotos deles. Com as fluffruits, o scan, a melodia e os Illumina orbs, temos várias formas de capturar momentos específicos e inesquecíveis dos monstrinhos em sua naturalidade, e é absolutamente FANTÁSTICO ver eles se movendo, comendo, pulando, voando de forma tão… biológica! Encontramos ninhos, vemos os monstrinhos dormindo, protegendo seus ovos, vivendo como qualquer outro animal real viveria em seu ecossistema natural, e isso é tão palpável que chega a ser emocionante para os mais sensíveis, como eu…

Algumas das minhas fotos favoritas feitas no jogo!

Vê-los interagindo uns com os outros, seja se assustando, pregando peças, brigando ou simplesmente passeando juntos é de derreter o coração. Eu sempre sonhei em ver Pokémon no mundo real, sentir a diferença de tamanho entre mim e eles, ouvir seus sons e ver seus comportamentos, e esse jogo consegue traduzir o comportamento animal para os Pokémon na tela de um jeito que os torna quase assustadoramente reais. Ver seu Pokémon favorito apanhando uma fluffruit no chão e fazendo um lanche (e ver como a Bandai teve a dedicação de fazer animações diferentes para cada Pokémon comendo é de cair o queixo! Depois que eu vi um Pinsir comendo, meu mundo nunca mais foi o mesmo!) é tão fofo! Ver um Skorupi sendo levado por uma tempestade de areia, um Cacnea descendo dunas de areia feito uma bolinha, Minior caindo do céu como meteoros e perdendo a “casca” (algo que a gente leu na Pokédex do Sun/Moon/Ultra que acontecia quando eles fugiam de virar comida para Pokémon mais fortes na camada de ozônio mas obviamente nunca viu acontecer no jogo!!!!!), um Dodrio tentando voar, um Alola Raichu surfando na praia… Deu para entender?

New Pokémon Snap me deu mais uma válvula de escape nessa quarentena e pandemia malditas, me permitindo viver num mundo onde posso ver meus monstrinhos favoritos fazendo as coisas mais fofas e comuns como se fossem reais. Tem sido aconchegante para mim ter essa experiência, e eu me senti acolhida num mundo onde eles são praticamente reais e posso gastar horas simplesmente registrando suas presepadas, dando lanche para eles e sendo recompensada com as poses mais incríveis e reações mais extraordinárias que eu podia sequer ter sonhado em ver num Pokémon que não fosse, por exemplo, no anime. Eu quase sinto que, se estender a mão para dentro da tela, vou conseguir tocar neles e sentir a textura de sua pele/pelo… De tão envolvida que me sinto. Qual terá sido o último jogo que me fez sentir assim?

“Os Pokémon sentem quando alguém os ama muito! E eles retribuem esse amor!!“

Será que houve algum jogo que já tenha feito eu me sentir assim?

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Anne Camilla Voss

Graduanda em Jornalismo, focada em Jornalismo de Games, um pouco de cultura pop japonesa e traduções ENG-PTBR. Portfolio e contato abaixo: